A Ressurreição de Cristo e a garantia de nossa eterna Redenção

A ressurreição de Cristo é o coroamento do Seu Ministério terreno. Ela é repleta de significado para o Ministério de Cristo e, consequentemente para a vida da Igreja, que é o Seu Corpo. Sem a ressurreição a obra de Cristo seria nula, a Igreja não existiria, não haveria salvação, estaríamos todos perdidos para sempre!. “Mas de fato Cristo ressuscitou dentre os mortos….” (1Co 15.20); esta é a fé da Igreja; é nossa certeza.

A ressurreição de Cristo tem – como já se depreende – rico significado redentor. Isso é o que analisaremos agora.

1) A Nossa Regeneração: Pela regeneração Deus infunde em nós uma nova disposição que nos conduz, sob a influência do Espírito, em direção à vontade de Deus, em uma santa e prazerosa obediência.[1]

Na ressurreição o Senhor adquiriu para nós uma nova vida que nos é comunicada em nosso novo nascimento.

A ressurreição de Cristo é o fundamento de nossa regeneração (1Pe 1.3).[2] Comenta Grudem

Quando Jesus ressurgiu dos mortos tinha uma nova qualidade de vida, uma “vida ressurreta” em um corpo e em um espírito humanos perfeitamente adequados à comunhão e à obediência eterna a Deus. Em sua ressurreição, Jesus obteve para nós uma nova vida semelhante à sua. (…) Assim é por meio de sua ressurreição que Cristo conquistou-nos o novo tipo de vida que recebemos quando “nascemos de novo”.[3] (Ef 2.5-6/Cl 3.1).

2) A Nossa Justificação:  A morte de Cristo foi para expiar os nossos pecados; e, a ressurreição assegura de forma eterna e efetiva a nossa justificação (Rm 4.25; 8.33-34/1Co 15.17). A morte e a ressurreição se completam num ato salvador (Rm 5.9-10).

A morte de Cristo só teria valor remidor se Ele ressuscitasse – como de fato ressuscitou – visto que a Sua morte sem ressurreição indicaria apenas a Sua condenação. Como poderia um condenado justificar alguém? A ressurreição de Cristo é sinal da nossa justificação; nela temos a declaração de nossa absolvição (Rm 4.25).[4]

Hendriksen (1900-1982) comenta:

A ressurreição de Cristo tinha como seu propósito trazer à luz o fato de que todos os que reconhecem Jesus como seu Senhor e Salvador têm entrado num estado de justiça aos olhos de Deus O Pai, ao ressuscitar a Jesus dentre os mortos, nos assegura que o sacrifício expiatório foi aceito; daí, nossos pecados são perdoados.[5]

A Confissão de Westminster (1647), discorrendo sobre a justificação, fala sobre o que chamo de fases da mesma:

Deus, desde toda a eternidade, decretou justificar todos os eleitos; e Cristo, no cumprimento do tempo, morreu pelos pecados deles e ressuscitou para a justificação deles; contudo, eles não são justificados até que o Espírito Santo, no tempo próprio e de fato, comunica-Lhes Cristo.[6]

3) O Perdão de nossos pecados: Este ponto é decorrente do anterior, visto que a justificação consiste em Deus perdoar os nossos pecados considerando e aceitando-nos como justos pelos méritos de Cristo.[7]

Sem a ressurreição, não haveria perdão; por isso, Paulo diz que: “Se Cristo não ressuscitou (…) ainda permaneceis nos vossos pecados” (1Co 15.17). A ressurreição assinala que há perdão para todos os que pela graça creem em Cristo.

4) O Sentido da nossa fé: A ressurreição de Cristo dá sentido à nossa fé. Se Cristo não tivesse ressuscitado, a nossa fé, por mais intensa que fosse, estaria fundamentada numa mentira; por isso, tudo o que temos estudado seria nulo. Neste caso, a fé teria apenas valor como fé; seria fé na fé, não no fato histórico da ressurreição. Todavia, conforme nos ensinam as Escrituras, o Senhor ressuscitou, sendo este fato o cerne da nossa fé (1Co 15.14,17,20/Rm 10.9,10).[8] A fé bíblica adquire significado a partir de seu alvo. A fé por si só não se autorreferenda.

 

Considerações Finais: Vida, proclamação e esperança

A ressurreição de Cristo dá sentido à pregação fiel da Igreja (1Co 15.14). A pregação da Igreja não se baseia em fábulas e mitos por ela inventados (2Tm 4.3,4), mas sim, naquilo que Deus disse e realizou, conforme registrado nas Escrituras.

Na Evangelização a Igreja declara a sua fé na ressurreição de Cristo, anunciando a remissão de pecados para todos os que crerem no Senhor que morreu e ressuscitou. E mais: foi após a ressurreição que o Senhor Jesus ordenou a Grande Comissão. A ressurreição atesta e sustenta a missão da Igreja.

A ressurreição de Cristo é associada por Paulo à nossa responsabilidade de viver diariamente na presença do Cristo vivo, frutificando para Deus. O nosso velho homem morreu com Cristo e, por meio da Sua ressurreição surgiu um novo homem que se consagra inteiramente ao Seu Senhor. Assim, a santificação encontra a sua real possibilidade na ressurreição de Cristo, sendo este fato um estímulo constante a vivermos dignamente para Deus. (Rm 6.4-14; 7.4).

O fato de morrermos e ressuscitarmos com Cristo traz, portanto, como implicação fundamental a responsabilidade de viver a ética do reino nesta vida. A nossa ressurreição com Cristo implica valores novos, celestiais, os quais devem ser sempre considerados em nossos pensamentos, decisões e atitudes (Cl 3.1-4/Rm 6.11-14). Após argumentar acerca da veracidade da morte e ressurreição de Cristo, Paulo exorta: “Portanto, meus amados irmãos, sede firmes, inabaláveis, e sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que, no Senhor, o vosso trabalho não é vão” (1Co 15.58).

A ressurreição de Cristo é o fundamento da esperança futura da nossa ressurreição (1Co 15.19). Biblicamente nós não podemos separar a ressurreição de Cristo da nossa; ou aceitamos as duas ou as negamos; não podemos dissociá-las. Parece que era este o problema de alguns membros da Igreja de Corinto.

Pelo que Paulo escreve, deixa entender que alguns irmãos aceitavam a ressurreição de Cristo; porém, negavam a ressurreição dos crentes. Paulo argumenta que negar a ressurreição futura dos crentes, equivale a negar a historicidade da ressurreição de Cristo (1Co 15.12-19).

O fato é que a ressurreição de Cristo dá sentido à nossa esperança; a história da ressurreição de Cristo é o fundamento e prenúncio da nossa ressurreição futura (Vejam-se: Rm 6.5; 8.11; 1Co 6.14; 15.20; 2Co 4.14). Cristo é as primícias daqueles que virão posteriormente por meio dEle; em Cristo temos o penhor do Espírito, a garantia da nossa ressurreição. Esta é a nossa esperança; e, para ela fomos regenerados pela ressurreição de Jesus Cristo (Cf. 1Pe 1.3).

O corpo de Cristo ressurreto é o modelo do corpo glorioso que teremos na eternidade (Cf. Fp 3.21; 1Jo 3.2/1Co 15.42-44, 50-56). Assim como o Senhor, ressuscitaremos com o mesmo corpo que temos, porém, glorificado, adequado à eternidade com o nosso Senhor. Aleluia!

 

Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa.

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[1] “A regeneração consiste na implantação do princípio da nova vida espiritual no homem, numa radical mudança da disposição dominante da alma, que, sob a influência do Espírito Santo, dá nascimento a uma vida que se move em direção a Deus” (L. Berkhof, Teologia Sistemática, Campinas, SP.: Luz para o Caminho, 1990, p. 470).

[2]Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua muita misericórdia, nos regenerou para uma viva esperança, mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos” (1Pe 1.3).

[3] Wayne A. Grudem, Teologia Sistemática, São Paulo: Vida Nova, 1999, p. 513-514.

[4]“O qual foi entregue por causa das nossas transgressões e ressuscitou por causa da nossa justificação” (Rm 4.25).

[5] William Hendriksen, Romanos, São Paulo: Cultura Cristã, 2001, (Rm 4.23-25), p. 214.

[6] Confissão de Westminster, 11.4.

[7] Cf. Confissão de Westminster, 11.1.

[8]14 E, se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação, e vã, a vossa fé; 17 E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados. 20 Mas, de fato, Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo ele as primícias dos que dormem” (1Co 15.14,17,20). 9 Se, com a tua boca, confessares Jesus como Senhor e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. 10 Porque com o coração se crê para justiça e com a boca se confessa a respeito da salvação” (Rm 10.9,10).

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