Tentando pensar e viver como um Reformado: Reflexões de um estrangeiro residente – Parte 60
4) Educação Cristã e a Depravação Total: Trabalho intenso & oração humilde e confiante
Qualquer um dotado da mais leva consciência religiosa deve-se afligir de tempos em tempos com o contraste entre sua fé religiosa e sua conduta. (…) Pois o que as pessoas dizem acreditar, como mostra a sua conduta, é (…) sempre muito mais e muito menos do que a sua fé professada em sua pureza. – T.S. Eliot (1888-1965).[1]
Uma alternativa à instrução secular é a instrução cristã. – Gene Edward Veith, Jr.[2]
Uma filosofia pós-moderna também faz que uma educação moral seja impossível” – John A. Hughes.[3]
De início devo estabelecer um ponto aqui. Nunca devemos separar a evangelização da educação cristã visto que ambas caminham juntas e se completam.
Brunner (1889-1966), corretamente enfatiza: “Não podemos pensar na Igreja Cristã sem ensino, assim como não podemos pensar num círculo sem um centro; ensino e ‘doutrina’ fazem parte de sua verdadeira natureza”.[4]
O novo nascimento não é um produto acabado, antes, o início de um novo caminho de vida modelado pelo Espírito por meio da Palavra.
Boice (1938-2000) toca o cerne da questão: “A obra missionária completa é anunciar o Evangelho, ganhar homens e mulheres para Cristo, trazê-los para a comunhão da igreja e, então, cuidar para que se tornem discípulos aprendendo as verdades das Escrituras”.[5]
Compete à igreja a tarefa de promover a fé dos eleitos (Tt 1.1; At 13.48).[6] Nas palavras de Calvino: “É somente através do ministério da Igreja que Deus gera filhos para si e os educa até que atravessem a adolescência e alcancem a maturidade”, instrui-nos Calvino.[7]
Firmando esse ponto, podemos continuar.
O que temos tratado mais proximamente, pode dar a impressão ao leitor de que a questão termina no ensino de uma cosmovisão bíblica e num estímulo à sua prática.
Sem dúvida, isso é fundamental. Porém, nada mais distante de completude da verdade. Uma visão assim, ainda que seriamente bem intencionada, pode se confundir com arrogância e certamente, trará muitas frustrações.
Como sabemos haverá sempre uma lacuna consciente ou não entre um sistema ideal, por mais desejável que seja, e a prática de seus seguidores, por mais fiéis que sejam.
Em qualquer avaliação que fizermos a respeito do ser humano jamais podemos deixar de considerar o fato de que somos pecadores. Já tratamos disso. Porém, o assunto pode permanecer vegetando em capítulo perdido “lá para trás” e não conseguimos relacioná-lo com o que estamos estudando agora.
Como vimos, pelo fato de termos nascido de novo, não significa que não mais pecamos; que o pecado não mais nos influencia. Pensar assim é ter uma visão totalmente equivocada da vida cristã conforme nos ensina as Escrituras.
Fomos separados do mundo (sendo santificados definitivamente, santidade posicional) para crescermos, progredirmos em nossa fé (santificação processual ou progressiva).[8] O Espírito opera em nós a salvação a qual se evidencia em santificação (1Co 6.11; 2Co 3.18; 1Pe 1.2/Jo 17.17). A santidade posicional requer necessariamente a santidade existencial!
Paulo cultua a Deus considerando que Deus nos escolheu na eternidade para sermos santos (Ef 1.4).[9] Deus nos elegeu para sermos aquilo que não éramos. Assim, a escolha divina não foi baseada em mérito algum; o seu propósito é tornar-nos santos.
A doutrina da santificação pressupõe que não somos perfeitos. Ela está relacionada com o homem pecador, cônscio de seus pecados, mas que, ao mesmo tempo, insatisfeito com a sua prática, deseja não mais praticá-los e, se aperfeiçoar espiritualmente, obedecendo aos mandamentos de Deus.
Como não estamos livres da influência do pecado, significa que a nossa caminhada não é sempre na mesma direção. Muitas vezes avançamos, outras vezes retrocedemos, somos tentados a seguir atalhos que se mostram fascinantes, que, contudo, nos conduzem ao desvio de rota do propósito de Deus. Contudo, nesse processo, até mesmo as nossas quedas e desvios, de alguma forma fazem parte do nosso currículo salvador tendo como propósito final glorificar a Deus.[10]
A oração do “Pai Nosso” indica que somos pecadores carentes da misericórdia perdoadora de Deus.[11] O pecado continuará por todo este estado de existência a exercer influência sobre nós. Por isso, qualquer conceito de perfeccionismo espiritual, que declare que o crente não mais peca, é ilusório e, portanto, antibíblico.[12]
A Palavra de Deus ensina enfaticamente que nós pecamos, mesmo após o nosso novo nascimento.[13] Lemos nas Escrituras: “Quem pode dizer: Purifiquei o meu coração, limpo estou do meu pecado?” (Pv 29.9). “Não há homem justo sobre a terra, que faça o bem e que não peque” (Ec 7.20. Vejam-se: Rm 6.20; 7.13-25; Tg 3.2. 1Jo 1.8).
Contudo, não existem carências em nossa vida que não possam ser supridas pelo próprio Cristo, nosso Senhor. E Ele o faz nos renovando por meio do conhecimento e obediência à Palavra.
O pecado tem um poder sutil. Ele nos aliena de Deus e, consequentemente de nós mesmos. Fornece-nos óculos coloridos por meio dos quais nunca enxergamos a gravidade de nossa real situação.
A visão do pecado, por esta ótica, sempre nos parecerá fascinante e atraente. As possíveis perdas que talvez enxerguemos por cima das lentes, serão consideradas acidentes de percurso ou um preço baixo a ser pago pelas conquistas e prazeres alcançados.
O Cristianismo, no entanto, tem como um de seus ingredientes fundamentais, a consciência de que somos pecadores e, que, sem o perdão de Deus permanecemos sob a sua ira.
O Apóstolo João não nos deixa nutrir nenhuma ilusão quanto a isso. Escrevendo aos crentes de todas as épocas, adverte-nos quanto ao fato concreto e real de nossos pecados: “Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade não está em nós” (1Jo 1.10/1Jo 2.1).
Todavia, é preciso que entendamos que a consciência da não existência do perfeccionismo espiritual não nos pode conduzir ao extremo oposto de nos acomodar com o pecado e, até mesmo, nutrir um certo orgulho em preservá-lo.
A questão aqui é de equilíbrio: Não alcançamos a perfeita santidade; contudo, devemos buscá-la constantemente sem esmorecer.
O que nos distingue da nossa antiga condição, além da consciência de que somos pecadores, é que não mais temos prazer no pecado. Podemos até dizer que o pecado é um acidente de percurso na vida dos regenerados.
Calvino, escreve:
Todavia, que ninguém se engane nem se vanglorie do seu mal, ao ouvir que o pecado habita sempre em nós. Isso não é dito para que os pecadores durmam sossegados em seus pecados, mas unicamente com este propósito: que aqueles que, aborrecidos, tentados e espicaçados por sua carne, não fiquem desolados, não se desanimem e não percam a esperança; antes, que vejam que continuam no caminho certo e que tiveram bom proveito ao sentirem que a sua concupiscência vai diminuindo pouco a pouco, dia após dia, até chegarem à meta almejada, a saber, a eliminação derradeira e final da sua carne, alcançando a perfeição quando esta vida mortal tiver fim.[14]
Isso indica a necessidade de o convertido adquirir novos hábitos pela prática da verdade em amor (Ef 4.15).[15] A graça de Deus é educadora (Tt 2.11-15), operando por intermédio das Escrituras, nos corrigindo e educando na justiça para o nosso aperfeiçoamento (2Tm 3.16,17). Alguns destes hábitos santamente desenvolvidos, são: leitura e meditação na Palavra, oração, participação dos cultos, esforço no anúncio do Evangelho e ajuda aos irmãos na fé.
O nosso crescimento externo deve ser caracterizado pelo aprofundamento e solidificação de nossas raízes. Altura exige profundidade e solidez. Por isso, o nosso crescimento profissional, social, econômico, cultural, etc., deve vir acompanhado necessariamente de um alimento mais sólido.
Esse alimento deve ser buscado não na mera superfície, porque assim procedendo correríamos o risco de, subalimentados, perdermos a oportunidade de mantermos uma vida espiritual real e verdadeira.
Árvores mais altas necessitam de raízes mais profundas e vigorosas. A nossa projeção em geral vem acompanhada de tentações mais sofisticadas e sutis, às quais se configuram de maneira diferente.
Curiosamente, a nossa palavra humildade, provém do latim, humus e seu adjetivo humilis, que designava tudo que está perto do solo e, por derivação, algo ou alguém de pouca estatura. Portanto, nosso crescimento espiritual tem que ser para baixo. “O que temos que perceber é que só crescemos em direção a Cristo quando diminuímos (humildade, do latim humilis, que significa ‘baixo’). Os cristãos, podemos dizer, crescem mais quando ficam pequenos”, aplica Packer.[16]
É nessa perspectiva que Paulo assume então a responsabilidade integral de seu ministério: “Paulo, servo de Deus e apóstolo de Jesus Cristo, para promover a fé que é dos eleitos de Deus e o pleno conhecimento (e)pi/gnwsij) da verdade segundo a piedade” (Tt 1.1).
Ainda que não possamos esgotar, exaurir completamente a verdade, o desejo de Deus é que pessoas de todas as classes e povos cheguem ao pleno conhecimento da verdade, ou seja, que tenhamos um conhecimento verdadeiro, genuíno da verdade: “O qual deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento (e)pi/gnwsij) da verdade” (1Tm 2.4).[17]
O Espírito age em consonância com este propósito, iluminando-nos para que possamos conhecer a Palavra de Deus. Calvino resumiu este ponto de forma precisa:
Enquanto o Senhor não os abrir, os olhos de nosso coração são cegos. Enquanto não formos instruídos pelo Espírito, nosso bendito Mestre, tudo o que conhecemos não passa de futilidade e ignorância. Enquanto o Espírito de Deus não descortinar diante de nós por meio de uma revelação secreta, o conhecimento de nossa divina vocação não poderá ir além da compreensão de nossas mentes naturais.[18]
É neste sentido que Paulo ora com certa frequência a respeito das igrejas.
Aos efésios, como temos visto:
16 não cesso de dar graças por vós, fazendo menção de vós nas minhas orações, 17 para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos conceda espírito de sabedoria e de revelação no pleno conhecimento (e)pi/gnwsij) dele, 18 iluminados os olhos do vosso coração, para saberdes qual é a esperança do seu chamamento, qual a riqueza da glória da sua herança nos santos 19 e qual a suprema grandeza do seu poder para com os que cremos, segundo a eficácia da força do seu poder. (Ef 1.16-19).
Aos filipenses, enquanto escreve, interrompe com esta oração: “E também faço esta oração: que o vosso amor aumente (perisseu/w)[19] mais e mais (ma=llon kai\ ma=llon) em pleno conhecimento (e)pi/gnwsij) e toda a percepção” (Fp 1.9).
No mesmo sentido ora o apóstolo Pedro:
Graça e paz vos sejam multiplicadas, no pleno conhecimento (e)pi/gnwsij) de Deus e de Jesus, nosso Senhor. Visto como, pelo seu divino poder, nos têm sido doadas todas as coisas que conduzem à vida e à piedade, pelo conhecimento completo (e)pi/gnwsij) daquele que nos chamou para a sua própria glória e virtude. (2Pe 1.2-3).
Por mais sábios espiritualmente que sejamos, esta é uma Escola da qual jamais poderemos nos afastar. É preciso continuar aprendendo sempre. Os efésios conheciam a Palavra, porém, estavam começando; estavam apenas no início da vida cristã. É preciso, continuar, seguir em frente. Deus propicia os meios para isso. Paulo, ensinou, pregou, escreveu e ora pelos efésios.
Pedro fala que este conhecimento de Deus aliado às diversas virtudes cristãs, não se torna inativo, antes frutuoso: “Porque estas coisas, existindo em vós e em vós aumentando, fazem com que não sejais nem inativos, nem infrutuosos no pleno conhecimento (e)pi/gnwsij) de nosso Senhor Jesus Cristo” (2Pe 1.8).
Isto implica reafirmar que a nossa santidade passa necessariamente pelo conhecimento de Deus e, que a santificação tem não simplesmente um sentido subjetivo, mas, também, objetivo, em nossa vida prática.[20]
Portanto, a santidade cristã, tendo como modelo a santidade perfeita de Deus,[21] evidencia-se em todas as nossas relações:
….segundo é santo aquele que vos chamou, tornai-vos santos também vós mesmos em todo o vosso procedimento (a)nastrofh/), porque escrito está: Sede santos, porque eu sou santo. Ora, se invocais como Pai aquele que, sem acepção de pessoas, julga segundo as obras de cada um, portai-vos (a)nastre/fw)[22] com temor durante o tempo da vossa peregrinação. (1Pe 1.15-17).
Possivelmente, se a nossa logística e arsenal espiritual, não estiverem em constante sincronia com a Palavra, estarão desatualizados para uma batalha na qual já entramos vencidos porque nem sequer a percebemos como tal. A ignorância a respeito de nosso inimigo e de seu arsenal bélico de tentações, pode nos conduzir em uma ingênua e fatal indolência espiritual. Não brincamos com o pecado, nem fazemos pouco caso das tentações. O nosso coração em sua volúpia pode se tornar em um péssimo conselheiro a serviço do pecado.
“Éramos pecadores quando iniciamos a carreira cristã, e pecadores seremos enquanto estivermos prosseguindo no caminho. Somos renovados, perdoados, justificados, e, no entanto, pecadores até o último instante”, escreve Ryle (1816-1900).[23]
Antes, o pecado comandava o nosso pensar e agir, agora ele ainda nos influencia, todavia não mais reina. Calvino pontua em lugares diferentes: “O pecado deixa apenas de reinar, não, contudo de neles habitar”.[24] Em outro lugar: “Ainda que o pecado não reine, ele continua a habitar em nós e a morte é ainda poderosa”.[25]
A vida cristã não é a de um transeunte em férias, sem compromissos, sem agenda definida. Ela se compatibiliza mais propriamente à figura do peregrino, sempre buscando o melhor caminho para chegar ao seu destino.
O cristão está comprometido com o propósito de seu Senhor (Ef 1.4). Todo o seu coração deve estar voltado para isso. Temo contudo, que a fé cristã, por vezes, com uma pauta acessória que lhe tem sido agregada, com tantos novos caminhos aparentemente tão bem pavimentados e, por isso, convidativos, tem perdido esse caminho. É possível que com o tempo ele seja até mesmo apagado da memória cristã em meio às condições climáticas adversas – ventos, chuvas, mover da terra e o cair das folhas –, porém, necessárias.
Não permitamos que por simples modismos, intuições e má vontade, nos afastemos de caminhar por trilhas já percorridas pelos nossos pais na fé com grande proveito. Por outro lado, que isso não nos sirva de desculpa para não vivenciarmos a nossa fé em busca de maior santidade de forma rica e piedosa em nossa época, deixando de recorrer ao que Deus nos tem mostrado progressivamente.
Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa
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[1] T.S. Eliot, Notas para uma definição de Cultura, São Paulo: Perspectiva, 1988, p. 44,47.
[2] Gene Edward Veith, Jr. De Todo o Teu Entendimento, São Paulo: Cultura Cristã, 2006, p. 38.
[3] John A. Hughes, Por que Educação Cristã e não Doutrinação Secular?: In: John F MacArthur, Jr. ed. ger. Pense Biblicamente!: recuperando a visão cristã do mundo, São Paulo: Hagnos, 2005, [p. 365-395], p. 374.
[4]Emil Brunner, Dogmática, São Paulo: Novo Século, 2004, v. 1, p. 16.
[5]James M. Boice, Fundamentos da Fé Cristã: Um manual de teologia ao alcance de todos, Rio de Janeiro: Central Gospel, 2011, p. 564.
[6] “Paulo, servo de Deus e apóstolo de Jesus Cristo, para promover (kata/)a fé que é dos eleitos de Deus e o pleno conhecimento (e)pi/gnwsij) da verdade segundo a piedade” (Tt 1.1). “Os gentios, ouvindo isto, regozijavam-se e glorificavam a palavra do Senhor, e creram todos os que haviam sido destinados para a vida eterna” (At 13.48).
Kata/ quando estabelece relação, tem o sentido de “de acordo com a”, “com referência à”. No texto, pode ter o sentido de “segundo a fé que é dos eleitos”, “no interesse de”, “promover”, etc. (Mc 7.5; Lc 1.9,38; 2.22,24,29; Jo 19.7; At 24.14; Cl 1.25,29; 2Tm 1.1,8,9; Hb 7.5).
[7]João Calvino, Gálatas, São Paulo: Paracletos, 1998, (Gl 4.26), p. 144.
[8]Stott denomina essas condições de santidade “concreta” e “potencial” (Cf. John Stott, O chamado para líderes cristãos, 2. ed. São Paulo: Cultura Cristã, 2018, p. 16).
[9]“Assim como nos escolheu, nele, antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor” (Ef 1.4).
[10] Veja-se: James P. Boyce, Teologia Sistemática: Uma introdução aos pilares da fé, Rio de Janeiro: Pro Nobis Editora, 2020, p. 498.
[11] Lutero (1483-1546), em seus sermões sobre o “Pai Nosso”, proferidos em 1517, nos chama a atenção para o fato de que, quando oramos a Deus pedindo que “Faça a Sua vontade”, estamos afirmando que desobedecemos a Deus, confessando “contra nós próprios” que não cumprimos a Sua vontade. Acrescenta: “Uma vez que temos de fazer esta oração até a morte, segue-se que até à hora da nossa morte seremos também acusados de sermos os que desobedeceram a vontade de Deus. Quem, pois, pode ser orgulhoso ou subsistir à sua própria oração, quando nela descobre que, se Deus o quisesse tratar com justiça, o poderia fazer, a toda a hora e com toda a equidade condenando-o e reprovando-o como desobediente, desobediência que ele confessa com a sua boca e de que está convencido?”. Portanto, conclui Lutero, esta petição deve nos conduzir à humildade, reconhecendo a iniquidade de nossa “vontade própria”, e a procurar sinceramente na graça de Deus a remissão de toda a nossa desobediência (Martinho Lutero, Explicação do Pai Nosso,Lisboa: Edições 70, (Estante Espiritualidade), (1996), p. 46ss.).
[12] Veja-se a exposição da teoria e a sua refutação em: Augustus H. Strong, Teologia Sistemática, São Paulo: Hagnos, 2003, v. 2, p. 618-624.
[13] “Quanto trazemos ainda conosco de nossa carne é algo que não podemos ignorar, pois ainda que a nossa habitação está no céu, todavia somos ainda peregrinos na terra” (J. Calvino, Exposição de Romanos, (Rm 13.14), p. 462). “…. A referida perversidade da nossa natureza nunca cessa em nós, mas constantemente [Rm 7.7-25] produz em nós novos frutos, quais sejam, as obras da carne acima descritas como uma fornalha acesa sempre a lançar labaredas e fagulhas, ou como um manancial de águas correntes continuamente vertendo sua água. Porque a concupiscência nunca morre nem é extinta por completo nos homens, até quando, livres da morte pela morte do corpo, sejam inteiramente despojados de si mesmos. É certo que o Batismo nos garante que o nosso faraó foi afogado e que a nossa carne está mortificada. Todavia, não ao ponto de que o nosso inimigo não mais exista e que já não nos incomode, mas somente no sentido de que já não nos pode vencer. Porque, enquanto vivermos encerrados na prisão que o nosso corpo é, os restos e as relíquias do pecado habitarão em nós. Mas, se pela fé retivermos a promessa que Deus nos fez no Batismo, essas forças adversas não nos dominarão e não reinarão em nós” (João Calvino, As Institutas da Religião Cristã: edição especial com notas para estudo e pesquisa, São Paulo: Cultura Cristã, 2006, v. 3, (III.11), p. 166). Veja-se também: James P. Boyce, Teologia Sistemática: Uma introdução aos pilares da fé, Rio de Janeiro: Pro Nobis Editora, 2020, p. 496-497.
[14]João Calvino, As Institutas da Religião Cristã: edição especial com notas para estudo e pesquisa, São Paulo: Cultura Cristã, 2006, v. 3, (III.11), p. 166. Do mesmo modo, ver: Juan Calvino, El Carácter de Job, Sermones Sobre Job, Jenison, Michigan: T.E.L.L., 1988, (Sermon nº 1), p. 32.
[15] “Mas, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo” (Ef 4.15).
[16] J.I. Packer, A Redescoberta da santidade, 2. ed. São Paulo: Cultura Cristã, 2018, p. 96.
[17] Veja-se: João Calvino, As Pastorais, São Paulo: Paracletos, 1998, (2Tm 2.4), p. 59-61.
[18]João Calvino, Efésios, São Paulo: Paracletos, 1998, (Ef 1.16), p. 41.
[19] perisseu/w = crescer, abundar, exceder, encher, transbordar, progredir. (Vejam-se: Mt 5.20; At 16.5; Rm 5.15; 15.13; 1Co 15.58; 2Co 1.5; 8.2,7; 9.8; Ef 1.8; Fp 1.26; 4.12, 18; 1Ts 3.12; 4.1,10).
[20] Ver: Joseph R. Schultz, Santificação: In: Carl F.H. Henry, org. Dicionário de Ética Cristã, São Paulo: Cultura Cristã, 2007, p. 537.
[21] “O início mesmo da santificação é a doutrina da Pessoa e do Ser de Deus” (D.M. Lloyd-Jones, Santificados Mediante a Verdade, São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas, (Certeza Espiritual, v. 3), 2006, p. 99).
[22]Tanto o substantivo “procedimento” (a)nastrofh/) como o verbo (a)nastre/fw) têm o sentido literal de: “volta para trás”, “entornar”, “derrubar”. O sentido figurado, conforme emprega Pedro, é de “comportamento”, “condução”, “modo de vida”, “estilo de vida”, “conversação”, “conduta”, etc. Como o verbo e o substantivo são neutros, o adjetivo é que vai qualificar o procedimento.
[23] J.C. Ryle, Santidade, São José dos Campos, SP.: FIEL, 1987, p. 56.
[24]João Calvino, As Institutas, III.3.11.
[25]João Calvino, Efésios, São Paulo: Paracletos, 1998, (Ef 1.20), p. 44.
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